VÍTIMAS DE ACTOS DE VIOLÊNCIA
Depois de serem ouvidas várias manifestações de desagrado por parte da população contra a realização da largada de touros no Parque D. Carlos I, no âmbito do III Festival do Cavalo Lusitano do Oeste, aparentemente um “grupo de pessoas” “vandalizou” algumas das estruturas.
Nos dias que se seguiram e em entrevista aos meios de comunicação locais, um dos representantes da Câmara Municipal, o vereador do PS e vice-presidente da Associação de Criadores de Cavalo Lusitano do Oeste, Jorge Sobral, afirma que foram destruídas “meia dúzia” de boxes, que são propriedade da Câmara, e como tal, propriedade pública. Questionamo-nos neste ponto se estaria a falar em nome da Câmara ou enquanto organizador do evento. Questionamo-nos ainda para que fim utilizará a Câmara de Caldas da Rainha as boxes para cavalos ao longo do ano?
Os artigos que se seguiram nos jornais locais falam em “actos de violência”, na “destruição moral e económica do evento”. Enquanto activistas pelos direitos dos animais temos dificuldade em entender a que se refere um acto de violência contra objectos inanimados, neste caso as boxes para cavalos, sendo que a violência é por definição executada contra seres vivos. Neste caso, a única violência que poderia ser enunciada seria aquela que se realizou contra os animais utilizados no Festival. Para todos aqueles que questionam a forma pouco ética como se tratam os animais usados para entretenimento e desporto, isto é, pelos olhos de um(a) amigo(a) dos animais, a violência é o que se passa nas praças de touros, no desporto equestre, na caça, nas lutas, nas corridas, na criação industrial de animais, e de um modo geral na sua comercialização. Nesta óptica, os acontecimentos durante as festas da cidade de Caldas da Rainha de 2014, não são mais do que um acontecimento imoral, que demonstra uma cultura que incentiva a crueldade e que alimenta o círculo violento da tradição senhorial sempre ligada a eventos próprios da idade medieval.
Compreendemos então que o que pode ter levado alguém a sentir a necessidade de destruir parte das estruturas é a sensação de impotência por saber que o medo da maioria das pessoas preocupadas com os animais é o mesmo que os cavalos e touros sentem numa arena. Muitos deixam-se ficar devido à forma “clara e democrática” como se ameaça e agride quem não concorda e quem está disposto a correr riscos, incluindo a própria liberdade, estabilidade económica ou social para chamar a atenção em relação aos abusos que são realizados contra estes animais.
Mais tarde, viemos a saber que o orçamento para a realização do III Festival do Cavalo Lusitano do Oeste foi dividido irmãmente entre a Câmara Municipal de Caldas da Rainha e a PROTOIRO, mais exactamente 80mil euros a cada parte, ficando ainda a Câmara responsável por suportar a logística, o aluguer de bancadas, a preparação do parque e a produção e emissão de um spot publicitário televisivo. E perguntamo-nos então, se a Câmara só gastou quem terá lucrado realmente com isto?
Este texto foi redigido a pensar nos animais não humanos, nos crimes de que são vítimas inocentes e nas acções utilizadas para os defender. Se não gosta que o tratem a si como um recurso e não gosta de ser explorado com que direito defende que o façam aos animais?
Para terminar resta-nos ainda expor algumas considerações sobre o Museu Joaquim Alves, o mais recente plano da Câmara Municipal de Caldas da Rainha para a criação mais um Museu deste vez dedicado à tauromaquia e equitação. De quantos mais museus precisa esta cidade se não consegue tornar os actuais sustentáveis? E qual o interesse de um museu desta natureza em Caldas da Rainha? Finalmente se a tauromaquia é um negócio privado de determinadas famílias latifundiárias porque motivo se sente a CMCR no dever de lhes patrocinar um museu?
CREA – Caldas da Rainha pela Ética Animal
Junho de 2014
http://www.jornaldascaldas.com/JournalNews/Journalnewsdetail.aspx?news=2955bd91-4e7a-42a3-b27e-88ab97339752 Museu da Tauromaquia Joaquim Alves
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